Bom, vou resumir a história. Era uma vez, na Avenida Nordestina, um cemitério. Certa vez, algum político maluco teve a idéia audaciosa de usar o terreno para construir escolas ou coisa parecida. Diz a lenda que foi o Aurelino de Andrade, mas eu não tenho este dado oficial, portanto, esqueçam ou procurem; eu não tô nem aí!
Mas, voltando à nossa historinha: desativado o cemitério, os mortos transferidos para o Da Saudade, na Pires do Rio, evidentemente porra nenhuma foi feita no terreno.
Havia em São Miguel um aglomerado de artistas unidos que se intitularam como o Movimento Popular de Arte, dos quais nomes como Sacha Arcanjo, Raberuan e Edvaldo Santana, entre outros, faziam parte. O movimento artístico deles era tão movimentado que eles conseguiram montar um circo no terreno do cemitério antigo e fizeram a cultura proliferar por São Miguel por um bom tempo – a maior prova disso é que a Praça do Forró é mais conhecida que a Praça Padre Aleixo Mafra que, na verdade, é a mesma praça!
Mas, como nenhum movimento é moto-contínuo, os artistas tomaram rumos diversificados na cultura ou não, e o MPA parou (tá certo, às vezes o vento dá uma balançada nos mais ativos, mas aí já é outra história!).
No fim das contas, no terreno foi construído uma escola de madeira (São Silvestre II, que depois se transformou num centro profissionalizante) e, anos depois, construíram ali o Darcy Ribeiro.
Os anos passaram.
A cena artística de São Miguel nunca parou, sobrevivendo através de eventos culturais independentes ou ligados ao Estado. Aconteceram: Casa de Cultura de São Miguel, Oficina Cultural Luiz Gonzaga e, destes equipamentos, surgiram grupos e artistas, inclusive o Alucinógeno Dramático. Mas sempre houve a necessidade de um centro cultural de verdade no bairro.
Eis que, por algum motivo, foi retomado o sonho do centro cultural de São Miguel no que restou do terreno que outrora era um cemitério. Mas um dia, acordamos de manhã, e o que vimos? Uma placa revelando que no terreno seria feita mais uma escola, num bairro onde as escolas estão com as salas vazias.
Revolta artística, evidentemente. Passeatas e reuniões [vocês podem ver tudo isto com mais detalhe no blog do Gilberto Travesso http://notasdesaomiguel.blogspot.com ] e, enfim, na edição de 19 a 21 de Julho de 2008 do jornal Empresas & Negócios, na coluna do Gilberto, o jornalista entrevistou o secretário municipal da educação, Alexander Scheider, que entre aquela embromação típica de político, disse que um Centro Cultural será construído no sonhado terreno, e uma biblioteca – que será ligada à escola Darcy Ribeiro.
Aí surge o primeiro medo: Será um centro cultural mesmo ou eles vão transformar o Darcy Ribeiro numa espécie de CEU?
Nada contra os CEUs, que tem toda a programação cultural vinda lá de cima até aqui embaixo e, eventualmente, quando tem um buraquinho na programação, eles chamam algum artista local pra apresentar de graça – e tem trouxa que ainda vai!!! Mas queremos um Centro Cultural de verdade, onde a população e os grupos locais tenham acesso para apresentar seus trabalhos, trabalhar e fazer a arte proliferar novamente na região, tal qual o MPA foi sucedido em seu tempo.
No mais, centro cultural pra mim é o da Vergueiro. Eles deviam investir num centro cultural de verdade no bairro, um que encha os olhos de quem veja, que faça a população do bairro se interessar por cultura e se apropriar dela com sede de conhecimento. Não é horrível que tratem nosso bairro como um curral eleitoral?
Mas, enfim, vamos ver o que acontece. Participar de história às vezes é isso: neguinho tá trocando tiro e, como a gente não tem arma, fica assistindo pela janela. Mas eles que não nos subestimem: coisas atiradas pela janela também matam! Ou será que eles não temem o poder do “tito” de eleitor?
Sosseguem. Ficaremos informados. E informaremos!
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