sábado, 15 de agosto de 2009

TEORIA DA MEDIOCRIDADE (OU: DISTO, MILLOR JÁ SABIA)

me.dí.o.cre
adj. 1. Médio ou mediano. 2. Que está entre bom e mau. 3. Que está entre pequeno e grande. 4. Ordinário, sofrível, vulgar. S. m. Aquele que tem pouco talento, ou pouco merecimento. (micaelis)


Alguns Quebras (Quebra facão, programa televisivo que não é televisionado, produzido no território do Cabrunco, temporariamente em São Miguel Paulista, ZL, SP, BR) atrás apareceu uma figura da velha guarda – um tal de Eduardo que nem sobrenome tem ou ao menos não se sabe se tem – vomitando com ferocidade sem igual, num desprezo cordial, sobre Marrom, Tarcisio e este que vos escreve, sua verdade, sua moral e sua visão de mundo tão interessante quanto um discusso da CUT ou da Universal, impondo-nos – ou melhor – exigindo nos um comportamento digno de artista consciente de alguma coisa muito importante que irá mudar a vida de alguém – não me perguntem quem! Por um lado, achei super divertido e até acrescentei indagas para provocar o sujeito. Várias vezes nos chamou de medíocre, nos desvalorizou e comprou uma cerveja só pra ele (não que precisássemos). Culto que só, para nos atingir, utilizou um filme do Woody Allen – o qual não recordava o nome nem dos atores, muito menos do filme – para provar como nossa conversa era pobre de espírito, citou Renato “Eu canto em português errado” Russo para justificar uma frase mal colocada, duvidou que conhecêssemos um poeta chamado Fernando Pessoa, chamou de pobre a rima de Genival Lacerda pensando que era minha,... fez um escarcéu (sim, escarrou no céu) o professor da rede publica, dizendo que “artistas não podem pensar como vocês, senão a arte está perdida!” e “no nosso tempo o artista blá blá blá” ou pior ainda, digno de fã babaca da Legião Urbana “vocês me lembram os meus pais!”
E tudo isto por quê? Por causa do retorno carinhoso no Formiguinha II de RM e CC que a gente tava tirando um sarro – afinal, ninguém é de ferro.

Brincadeiras à parte, o sujeito foi muito deselegante e sem senso ao invadir nosso encontro e querer trazer uma realidade forjada em sua mente para nós. Vamos ali para beber e falar besteira. Quando o assunto é sério, seriamos tudo ou vamos ali na calçada – e os mais afoitos na praça, logo ali – fumar um cigarro e comentar isto ou aquilo. Mas via de regra a conversa é escrachada e a puia rola solta lá ele!

Não conversamos para mostrar como somos inteligentes, conhecedores disto daquilo e nem nossa opiniões intelectuais sobre aquela merda social que acabou de acontecer. Não estamos aqui pra isto.

E, particularmente, não sou um careta reacionário por não fumar maconha! Vocês acreditam que o sujeito me chamou disto quando eu disse que não usava drogas (ilegais, que do Marlboro eu não abro mão!)? Imagina este tipo de pessoa! Nada contra quem usa: sempre digo: façam o que quiserem mas não me encham o saco! Mas aí me vem um maconheiro, digo, usuário sem vergonha e licenciado, que possivelmente dá aula de história pra molecada, dizer que ser careta é algo reacionário! Ele liga o uso de drogas a algo extraordinariamente revolucionário e moderno! A revolução dele será realizada por soldados chapados que marcharão em zigue zague atrás de mais uma dose para satisfazer o vazio de seus ideais plantados por idiotas da moral artística!

Enfim, o cara foi ridículo e contraditório. Mas tudo bem, porque os medíocres éramos nós!

Aí, quinta feira, eu, um medíocre esclarecido, encontro um texto do Millôr Fernandes, publicado na Veja em 17/06/09, com o título “Quem tem capa escapa?”, onde Millôr descreve ideais e princípios muitos parecidos com os nossos – com os meus ao menos – a respeito de arte, cultura e política:

“(...) As capas (do Pasquim), como o pessoal do Pasquim, como o uísque do Pasquim, não tinham ideologia. Isto é, tínhamos uma extraordinária, rara, pretensiosa ideologia: a do ‘não estamos nem aí!’.
Não era conosco.
Não tínhamos nada a ver com a solução dos problemas da pobreza, com a nojenta utilização que os ricos fazem do dinheiro, com a mulher fazendo indignados ataques aos homens e se apropriando indevidamente de termos como ‘não me enche o saco’, não dávamos a menor pelota às ameaças do policia (tremíamos apenas, necessariamente, quando a policia batia na porta, utilizando a porta dos fundos como saída de incêndio). Mas estávamos em todas, gozando no mais amplo sentido. (...)”

Os encontros do Quebra Facão refletem este espírito pretensioso de não levar nada a sério, um divertido encontro onde um país imaginário é, ao mesmo tempo, reacionário e revolucionário, onde os ideais são criados a partir do desejo pessoal como em qualquer lugar, mas com um descaramento assumido e zombeteiro. Nossos encontros são divertidos e culturais, sim! E não precisamos ser bonitos ou seguir etiquetas sociais cunhadas por artistas alternativos que desejam mudar o mundo pra não sei aonde, já que esta porra se move tão devagar que nem dá pra ver saindo do lugar ou professores licenciados que acreditam ter alcançado a verdade do mundo quando descobriu na faculdade valores burgueses que seus pais proletários não tinham. Este tipo de gente me diverte e, no máximo, me enoja.

Agora, o que me deixa feliz de certa forma, é que até hoje eu já levei tudo que foi adjetivo na cara: grosso, arrogante, estúpido, metido, e por aí vai. Agora, ser chamado de medíocre foi a primeira vez. Pena que foi por um medíocre de carteirinha!

5 comentários:

Escobar Franelas disse...

Não vou reelaborar a bíblia milloriana, pois apesar de ser muito melhor que ele, é preciso que eu disfarce e faça todos pensarem que ele é melhor que eu: coisa que vocês também devem sempre fazer quando estão no boteco. Quando esses maconheirozinhos posantes de modernos (seja lá o que esses termos signifiquem para outro abstêmio aqui, eu!), a lição número um é: faça eles acreditarem que têm razão; é sempre mais divertido assim.E é sempre mais divertido estar perto de vocês. E é sempre mais divertido rir, não importa se da piada, ou da sem-gracice de quem contou. Há braços,

Claudemir "Dark'ney" Santos disse...

Franelas, meu irmão: cadê você mais vezes aqui em nós?

Nando Z disse...

Claudemir, em nois? Lá ele!!!!

Bichu um detalhe de tudo que vc disse o pessoal nos leva as vezes muito a serio, rs, como os grandes "dinossauros", que nos nomearam e formaram o "GRUPO" Quebra facão o pessoal viaja demais qdo existe uma turma que se encontra para bem indagar logo deve ser um tal plano pra alguma coisa porém agente independente de qualquer coida quer apenas acordar quinta feira com dor de cabeça!!!

E como diria um ñ tão velho compositor nordestino
Eu me organizando posso desorganizar!

Anônimo disse...

Mas o cara que falou mal do nosso "clubinho" com conceitos machistas é tão chato que deve ser um cara sozinho que não consegue ter o próprio "clubinho" e fica enchendo os saco dos outros.

E outra, não foi convidado, estava lá porque queria, não sabia de nada do que a gente falava, mal conhecia os participantes, e ainda quis sair cuspindo as verdades (que na pra ele devem ser absolutas) dele.

E depois nós que não aguentamos ser questionados.... pode questionar sim, tem mais é que indagar, mas saiba do que está falando, do contrário vira mais um artista revolucionário intelectual que leu alguns livros e ainda não conseguiu entender...

Tiago Bode disse...

"A revolução dele será realizada por soldados chapados que marcharão em zigue zague atrás de mais uma dose para satisfazer o vazio de seus ideais plantados por idiotas da moral artística!"

Caraio!!!!! Isso é muito bom meu Pretinho!!! Parece Sartre (e olha que eu não sou dado a essa intelectualidades.... aliás, se vc me perguntar, não saberia te dizer de que livro eu tirei essa similaridade...)

E esse non distinctus senhor: de onde veio?
Contariando o que disse o Importugável, acho que as pessoas devem nos levar a sério, sim, afinal, são anos de conversa fiada muito bem elaborada pra, do nada, vir um citador de meia pataca e dizer o que ele disse! Pelamorde todos os sóis! Sejamos sérios dentro do que nos compete ser sério: tocando, fazendo poesia, indagando, questionando, denunciando (essa aqui é nova...) escrevendo e todas as coisas que sabemos, e como sabemos, nos fazem ser os artistas respeitados que somos, fomos e seremos um dia, ainda que para isso, vísceras desiguais e fétidas devam ser expostas.
Agora, se esse cara não consegue ver a arte pululante em nós, problema dele e dos problemas que afetam a existência dele. Não precisamos de pontos de vistas medíocres para sermos reacionários, até mesmo porque, reacionário, pra mim, hoje, é o cara que consegue citar ao menos um filme do Woody Allen (kkkkk, brincadeirinha), é o cara que consegue perceber o absurdo das coisas e sai pelo mundo amarrando-se em petroleiros e salvando baleias (e olha que pra isso, nem é preciso cantar em português errado....), ou como diria Caretano: ou não!
E tenho o dito!