Hoje em casa, dando uma de doméstica (lavando roupa, fazendo comida e lavando a louça, tudo sem avental!), peguei meus três CDs do Kiko Zambianchi e ouvi com gosto, cantando alto. E aí, veio a pergunta: cadê o cara? Menino do interior de São Paulo (Ribeirão Preto), Zambianchi é um cara que admiro muito. Nem tanto pelo trabalho que eu adoro e a maioria não vê nada de mais, mas pelas atitudes tomadas em sua carreira artística.
Chegou a São Paulo (capital) em 1984 e em um mês estava na EMI. Durante a década de 80 emplacou vários hits nas rádios com letras significativas sobre estados da alma, contos urbanos, garotas de atitudes "femme fatale" e ritmos dentro do pop rock com direito a metais, sintenizadores e cordas bem elaboradas - porra, o cara teve ao lado nomes como Bocato e Leo Gandelman, foi gravado por Erasmo Carlos, Marina, Ira!, e (para o bem ou para o mal) ajudou a tirar o Capital Inicial do ostracismo em 2000.- sem contar que foi casado com a Carolina Ferraz. Olha o bom gosto do cara!
E sumiu, por quê? Bom, lembram de uma novela chamada Top Model, onde o Nulo Leal Maia fazia um surfistão pai solteiro saudosista? Kiko fez - contra sua vontade! - aquela maldita versão de "Hey Jude" dos Beatles, que deveria ser gravada na jovem guarda e enterrada com a maioria das versões cafonas. Vendeu? É claro! Qualquer merda de "boa aparência" vende no Brasil. A gravadora até incluiu a música no disco "Era das Flores" (1989). Evidentemente vendeu pra caramba. Aí, o que a gravadora queria? Que Kiko gravasse mais musiquinhas românticas e rocks goiabas. E ele, o que fez? Pousou de bom moço? Balançou a cabeça como vaca de presépio? Nada disso: mandou a gravadora pra casa do K alho e ficou queimado no mercado fonográfico. imaginem: um artista com estilo e atitude?!? Isto é um perigo comercial! Ao mesmo tempo, o chamado rock nacional foi trocado pela música sertaneja (aquela ruim, sabe?) e pelo pagode, posteriormente. Várias bandas e cantores do tal rock nacional foram pras picas. E Kiko, que já estava queimado, então, sumiu do mapa.
Foi por estes dias que meu amigo e músico de São Miguel Ciço D'aurora o viu no metrô São Bento. O cumprimentou de longe. Kiko respondeu com um certo sorriso no rosto. Nesta época eu já ouvia o "Kiko Zambianchi", de 87; o anterior "quadro vivo" (que eu sempre confundia com uma capa do Violeta de Outono" e o "Era das Flores", edição com "Hey Jude" (fazer o quê? Foi o que eu achei!)
Deste tempo até o acústico do Capital, Kiko trabalhou com trilhas sonoras para peças teatrais, lançou um disco de remix (KZ) com o JD Mau Mau, onde regravou Caetano e Gil e, em 2000, com o tal acústico, voltou ao "grande público". Lançou o "disco novo" em 2001 e até que tocou um pouquinho. Aí, pra não negar a sina, a gravadora foi à falência. Então, Kiko trabalhou com o produtor americano Disco D que, ichi!, morreu em 2007 (sim, Kiko tocou e deve estar tocando ainda fora do país).
Então... Estamos em 2008 e a casa está em ordem. Mas eu gostaria de ter mais trabalhos de Kiko Zambianchi pra escutar. Gosto do trabalho do rapaz e acredito que ele ainda não esgotou suas possibilidades de criação, como muito artista por aí que está em evidência - sem falar das porcarias que não acrescentam nada e estão com tudo!
Bom, agora posso dormir em paz. Ai, Kiko! (Márcio Sabbath vai me chamar de veado, mas tudo bem: eu sei que ele teve um disco do Kiko!)
DISCOGRAFIA:
1984 - Choque
1986 - quadro vivo
1987 - Kiko Zambianchi
1989 - Era das Flores (Edição cinza)
1989 - Era das Flores (Edição amarela, incluiram "Hey Jude")
1997 - KZ
2001 - Disco Novo
terça-feira, 5 de agosto de 2008
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Um comentário:
Bichu tava no programa do Ronivon(se for assim que escreve) segunda mermo!!!
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