3º Encontro Das Artes: Mais que um Sarau, menos que uma mostra
No dia 23 de Agosto, sob a curadoria de Zulu de Arrebatá, o CDC Tide Setúbal realizou o 3º Encontro das Artes. Artistas de São Paulo realizaram suas apresentações em um espaço amplo e bem estruturado. Eu estava lá. Hayashi e a Bá, também. E Rodrigo Marrom, Escobar Franelas, Sacha Arcanjo, Raberuan, Arika, Waldir entre tantos outros ícones da cultura de São Miguel.
Devo admitir que o evento me surpreendeu pela gama de artistas presentes. Quebrando o velho preceito saudosista, Zulu convidou artistas de todas as gerações e todas as linguagens. É legal ver o antigos e os modernos dividindo o mesmo palco e mostrando seus trabalhos de maneira coerente. O evento, que começou um pouco depois das 14h e terminou depois da meia noite ofereceu uma boa overdose artística para quem tivesse interesse de se entorpecer. Tinha até camarim e lanchinho para os artistas, quem diria, hein?
Se continuar neste pique, logo logo São Miguel volta a ser ponto de referência cultural de nossa cidade. Entre novos e velhos, residentes e visitantes, só peguei uma falha preconceituosa da banda Inhocuné Soul, cujo o vocalista, um negro tipo nigeriano vestido como se fosse um rapper africano – se é que isto existe – soltou uma pérola ridícula, utilizada por artistas desinformados: “É legal tocar na periferia... A gente só tava passando o som e o povo já tava agitando!” – ou coisa parecida.
Ora, meu amigo! O que esta frase quis dizer? O cidadão em questão deve ser daqueles que acham que na periferia existe apenas rappers, teatro de rua, grafiteiros, pagodeiros e breganejeiros. Uma visão totalmente equivocada da nossa diversidade cultural, que, sozinha, sem sair de São Miguel, já podia representar o cosmo cultural do universo. Além dos mencionados acima, temos uma mpb riquíssima, um rock de pau duro de botar inveja, um teatro único e diferenciado, samba da melhor qualidade e poetas capazes de emocionar qualquer povo em qualquer nação. Se o tal cidadão tivesse prestado atenção nos artistas presentes e em seus trabalhos, talvez reconsideraria seus pensamentos.
De qualquer forma, o 3º Encontro das Artes foi um acontecimento único, maior que um sarau e diferente de uma mostra convencional. Espero que aconteça mais e mais e mais...
Atrações e atraídos: Balé Nacional do Brasil – Insígnia (dança) – Banda Marcial – Alucinógeno Dramático – Quinteto de Metais – Inhocuné Soul – Cara Suja – Pedro Osmar & Loop B – Samba da Tenda – Jocélio Amaro – Raberuan – Gilberto Braz – Akira Yamazaki – Maracá Manca – Edson Frank – Sergio Santiago – Marisa Quintal – Escobar Franelas – Gilberto Genestra – Claudio Oliveira – Rodrigo Marrom – Sônia Santana – Nelson Mouriz – Rosêngela Lucena – Douglas Mansur
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2 comentários:
Concordo em tudo, meu caro! Essa história de incompreensões quanto à perifa, digamos que já etá tão inoculada na derme(independente da melanina), que aqueles que deveriam (re)pensar cada fala e fato, acabam por reproduzir as baboseiras que a antiguíssima "elite pensante"(?!), sempre falou e acreditou. TEMOS QUE LUTAR EXAUSTIVAMENTE CONTRA ISSO!
Realmente eu também tiro o chapéu!!! ñ pra esse evento pois ñ estava presente, mais um dos melhores momentos de Plano Z que é o grupo que faço parte foi no encontro das artes na casa das rosas! ñ digo só pela nossa participação artistica, mais pelo o fato de como toda a mensagem foi passada, e acho que essa linha é o caminho de alguém que assume como missão proporcionar cultura acima de tudo, sem preconceito, e sem olhar pro próprio umbigo!!!!!!!!!!!!!!
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