terça-feira, 15 de dezembro de 2009

DARK'NEY IN STUDIO - FILHO DA ÂNSIA, A GRAVAÇÃO: DIÁRIO DE BORDO











2009.

(fotos de Akira Yamasaki)

14 de dezembro.
chego no metrô vinte minutos atrasado e encontro Eduardo Murena com guitarra e pedaleira me xingando cordialmente. Lotação pro parque Novo Mundo, vinte minutos. Descemos no lugar certo, achamos o hospital nipo brasileiro. Na esquina, uma padaria.
"Nego, preciso comprar marlboro."
"O pulmão é seu."
Entramos na padaria.
No balcão, estão eles: Raberuan, Akira, Cleston Teixeira e João Junior. Estávamos a poucos metros do estúdio da Familia Mi.

Os Mi de Carvalho nos recebem com entusiasmo e sorrisos. Entramos no estúdio. Há quase uma década não faço isso, meu Deus! Na parede, um naipe de quatro violões. Cleston se adianta e me oferece um nylon.
"Eu uso aço."
Ele solta o nylon e aproxima-se de um Takamine de cordas tensas e bojo folk. Ontem assisti "Não estou lá". Adivinha o que me vem à cabeça?

A gravação de "filho da ânsia", para o CD "Sacha 60 anos" foi tranquila, divetida e respeitosa. Mi de Carvalho e seu filho foram prestativos, bem humorados e nos deixaram se sentir em casa. A partir da minha voz guia e do violão, incluiram o baixo e o carron na música. Mi de Carvalho Filho é um músico excelente e compreende bem a idéia dos meus três acordes para construir algo simples, funcional e... um tanto quanto rock n' roll, evidentemente. Dos que estão ali, sou o menos músico, mas eles insistem em me tratar como um deles.
"Ah, nego! Conversa com meu guitarrista ali!"
Eduardo Murena entende o que eu quero e explica como só os músicos sabem explicar e entender. Cleston diz algo, Raberuan murmura, Akira registra a tudo com sua máquina fotográfica. Harmonia e colaboração. O resultado me agrada.

"Ficou bom." - digo - "Agora é só arranjar alguém pra cantar e vai ficar ótimo!"
Risos.
"Quando você entrar lá dentro vai encontrar o cara que vai cantar." - diz Raberuan, dando aquele voto de confiança no cantor, que por acaso sou eu.

Ed Murena incluiu sua guitarra na canção. Vai e volta, faz de novo. incluiu e exclui efeitos procurando pelo melhor dentro da alma. A música ganha vida própria. Afasta-se do que foi ensaiado e se aproxima da minha concepção original.

Ivan Neris chega verde de fome, com uma calvice anunciada no corte de cabelo rasteiro. João Júnior acrescenta sua percussão e transforma o rock de Dark'ney numa canção sachiana de prima. Todos se impressionam com o menino, os maestros reverenciam o humilde e excelente músico. João sorri com simplicidade.

Volto pro aquário. Agora, com todos estes arranjos, cantar torna-se outra canção. Refaço algumas partes. Cleston e Raberuan sugerem, esclarecem, enriquecem. Caramba, não é que estes caras são bons mesmo? Como não percebi este detalhe antes? Canção gravada.
"Mandou bem, Claudemir!" - dizem. Eu sei que podia ser melhor, mas sempre podemos ser melhor do que somos, na verdade, não é verdade?

Neris declama "Projeção" no começo e, no fim da canção, insere o poema de Sacha Arcanjo. Chave de ouro. gravação concluída. Boteco, evidentemente.

Raberuan relata a correria que foi gravar o cd nos meses anteriores e o erro de não incluir algumas pessoas - não por descaso, mas por causa da correria de vida e dos vacilos que isto inclui sem a pretensão de esquecer alguém. Alguém traz o novo CD do Edvaldo Santana (Ao Vivo). Valdir Aguilar é relembrado e sua memória é saudada. Neris, Akira e Cleston conversam sobre algo dentro do bar, enquanto fora eu, João Junior, Raberuan e Eduardo conversamos outros assuntos. Cerveja, torresmo, cigarros e conversas. Somos aquilo que somos, não tem jeito, não. Mas já é meia noite e alguma coisa no parque Novo Mundo, vila Maria. Hora de ir. Três carros dividem os grupos, cada um para uma direção diferente. Vou com Akira e Raberuan, escutando uma exímia cantora que todos gostamos, mas desconhecemos o nome. Raberuan fica em Ermelino. A viagem segue rumo São Miguel e o ultrapassa, chegando ao extremo leste de São Paulo.

Akira me conduz até meu solar. Simpático, paciente e cheio de idéias sobre música, poesia e teatro. Ele precisa é nos deixar um livro, isto sim! Ele sorri:
"Ah, Claudemir... Eu não tenho esta pretensão."
Dá vontade de fazer à força, não dá? Pegar os poemas do cara e publica, lançando-as no caos da existência sem tirar o pé do cotidiano?

Enfim, aqui estou eu, querendo registrar isto de alguma forma e muito satisfeito com o resultado.

Não só meu estilo foi respeitado como também melhorado e assimilado por músicos que estão aí há tempos.

Obrigado, senhores. Não vejo a hora de ouvir o resultado final.
Me senti em casa. Dark'ney deve existir, de fato!

7 comentários:

Anônimo disse...

Bom que tenha rolado de boa...

E é Cajón não Carron

Claudemir "Dark'ney" Santos disse...

Não era nem um nem outro: era um belo teclado plugado no computador. E outra: tô abrasileirando tudo, nada de queise, fogue londrino e estas porras todas. To querendo mais é um fidibeque em português!

Nando Z disse...

Eita que tá vendo agente ñ morde basta conversa que amansa a fera!!

Blog do Akira disse...

Estávamos cheios de dedos com Claudemir, tipo "será que esse pôrra sabe que é essencial e nós o amamos?"

Claudemir "Dark'ney" Santos disse...

Confesso sofrer de sindrome da reijeção, mas não me internem por causa disto, ok? Afinal, eu entendi o mal entendido e, se no primeiro momento fiquei bravo, é porque me importo com vocês, senão, não tinha nem feito caso, né?

Anônimo disse...

Tinha feito caso porque é indaguento!

Claudemir "Dark'ney" Santos disse...

Mermo. E nem sabe escrever carron, digo, cajon