Enquanto eu tocava, virei para Marrom e perguntei:
"Como é que a gente entra nestas?"
"Porque a gente é besta mermo!"
Durante a semana, Ivan Neris comentou um sarau da Kutupira no espaço da Rainbow, salão de metaleiro e adjacências localizado ali na Avenida São Miguel. Pra mim, Neris nada confirmou, mas na sexta lá no Didi, após o show de Chico César (calma que este show terá uma matéria especial!), Hayashi e Sachão confirmaram o tal sarau.
"Só vou se ele me ligar." - disse eu logo pra não ficar dúvidas. E não é que o viado me ligou sábado, três da tarde, pra confirmar o sarau?
"E que horas você vai estar lá, Neris?"
"Lá pra meia noite, uma da manhã, eu to chegando."
Desligo, ligo pra Hayashi, que confirma presença à meia noite com todo o G.R.A.VE e suas respectivas Bá Ramos e Fernanda Branco.
Bom também.
Onze horas encontro Anita na Nordestina, cruzamos a Jacuí nostalgicamente e chegamos à Avenida São Miguel. Do outro lado, Marro e Hayashi acenam. Onze e meia da noite mais ou menos. Entramos. Marrom se sente em casa... Em casa de maribondo. Metal pra lá, metaleiro pra cá, headbangers ali, hippies acolá, uma cara tipo Serguei outro tipo Ovelha e o povo receoso de tocar.
Marrom: "Vai dar merda."
Claudemir: "Eles curtem forró."
Hayashi: "Qualquer coisa eu pulo no meio dos cabeludos; ninguém me acha."
Nando Z: "Rock n roll! Rock n roll!"
Luizinho: "Qualquer coisa eu digo que sou músico contratado."
Saímos para fumar. Cigarro. Nando senta lá no jardizinho que separa a São Miguel e ganha uma lata de cerveja. Ficou lá mais um bom tempo, com esperança de ganhar outra. E a conversa foi distraindo. Kutupira chama o povo. Diz que está esperando a banda do Sacha pra começar.
"A banda do Sacha somos nós."
Preocupante, eu sei. Mas o pior estava por vim;
"Então,caras, é que a banda que ia tocar... o baixista foi viajar e o cara só me avisou hoje em cima da hora e eu tô avisando ele desde quarta feira, meu!..."
(Graças a Hayashi, eu ouvi esta história trinta e sete vezes naquela noite)
Mas tem problema não. Fernanda Branco e Bá Ramos foram buscar o Sacha logo ali, os outros graveiros ou gravistas, vai saber!?! foram montar os instrumentos.
Repentinamente, descobrimos que não há microfones, não há PA, não há porra nenhuma.
"Não vai dar, galera."
"Liga pro Sacha."
Ligamos. Sem chance de pegar na oficina.
"Não vai dar, galera."
"Liga pro Ivan. Cadê ele? Foi ele que armou essa!" (e, pensando bem agora, porque queríamos tanto falar com o Ivan se ele não ia resolver porra nenhuma?)
(E pensando mais ainda: "O Ivan armou essa"??? LÁ ELE! VÔTE! É O COIO E FACÕES!)
Sacha chega.
Sou designado pra falar com a Kutupira. Primeiro erro do Tarcísio.
Vamos lá falar com a mulher. Um tal de pirata diz que pode arranjar uns três microfones. Mas a banda precisa de cinco.
"Mas com três não dá, pessoal?"
"Com três não dá." Acho que é viadagem. Primeiro erro meu.
Corre daqui, corre de lá, Nando querendo mandar tudo pra puta que pariu e ir pra casa ou ao menos para o bar do didi, eu tentando botar pano quente e lá vem a Kutupira com a história do cara que deu furo e acrescenta: "Pô meu, eu armei o esquema aqui, se vocês não tocarem, eu vou me queimar, tá ligado? Tem que acontecer alguma coisa se não a galera queima e..."
Fiquei com pena. Segundo erro meu.
Vou na rodinha do G.R.A.VE. Falo com o povo. Dá-se um jeito, Luiz Gonzaga fazia show só com sanfona, não pode queimar a mulher, o Sacha falou que toca, porque já fez show até dividindo microfone...
Não sei se de tanto eu encher o saco ou que motivo outro foi, Hayashi tocou o foda-se, tomou daquela cachaça ruim e disse: "Que se foda!Vamos tocar nessa porra!"
Segundo erro de Tarcísio.
Entramos, bebemos, subimos ao palco, ajeitamos como deu e tocamos. Primeiro, Hayashi, Marrom e Nando. Aí Nando cantou uma música e me chama. Toquei uma. Não se ouvia o violão. Não se ouvia nada, não se via nada. A pista esvaziou. A merda tava grande. Comecei outra e desecanei; falei pra Anita horas antes que devíamos ter alugado um quarto. Mas agora era tarde: tudo jás brochado, meus amigos.
No meio da segunda, Hayashi faz aquele gesto e chamamos Sacha, que diz logo pra Marrom:
"Vou tocar umas dez. Cadê o violão, que eu não to ouvindo?"
Acho que Sacha tocou uma música e meia, quiçá duas e um pedaço.
Chegou. Acabou. O sapo estava pago; a cagada, feita; o leite, derramado.
Do lado de fora, por algum motivo besta, ligo para Neris. Era quatro da manhã e ele estava na São Miguel, procurando a Rainbow.
"Ah, no antigo terraço?"
Pára o carro e chega rindo, achando engraçado ter fodido todo mundo. Deixamos ele lá e fugimos pela tangente. O Bar do Didi estava fechado, Marrom foi pra casa, Fiquei uns vinte minutos no ponto esperando o ônibus. A noite não foi fácil.
De qualquer forma, esta noite aprendemos que querer ajudar o próximo é legal, se a gente não for o próximo depois do próximo. E mais duas coisas: quando alguém disser "Vamos alugar um quarto". Havemos de alugar. E se alguém, por ventura, disser: "Não dá." Então, não dá. Nem no quarto, nem no palco.
E tenho dito!
observação: Luizinho Gago Grego alegou dor nas costas e foi-se, sem participar desta - e acredito eu, nem da outra!
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11 comentários:
Saliente-se: O Pirata foi até o Caribe buscar dois microfones de videokê! Eu já tinha falado que ia ser isso. Mas fui mesmo assim.
Marrom, por que a gente cai nessas?
2. Não havia público! Eram hologramas como disse Marrom. Afinal, nenhuma pista esvazia tão rápido se não for apagando luz.
Em verdade voz digo! na realidade eu não oraganizei um Sarau,pois os Saraus que organizei se bem me lembro, tinham e não tinham tudo que de antemão avisei aos que convidei, como disse a Claudemir Santos no estudio gravando o CD em homenagem ao Sacha e ao Hayashi quando liguei pra convidar " a Kutupira vai fazer um lance na Reinbow!" lance esse que como reproduzi o que ela me disse, seria a primeira festa rock in roll cultural na zona leste,não que realmente fosse,mas possuía este título, se eu estivesse presente desde o horário que imaginei que iria conseguir chegar,estaria como todos estiveram,"vendido na parada" e com certeza estou me sentindo muito mal por não ter podido compatilhar com os meus amigos e parceiros na arte, a irritação, decepção e a sensação de ter entrado em uma furada espontâneamente, furada dessas que agente vai colecionando nos palcos em carrocerias de caminhões,nos festivais de teatro e música por esse Brasil, nas escolas e livrarias em que agente as vezes se apresenta pra um único espectador...,porém para quem acreditar como eu que existe um universo paralelo ao nosso recheado de energias que influênciam o nosso eu afirmo que infelizmente eu estive inconciênte a disposição de um espirito que das 20h até as 03h da madrugada esteve falando a pessoas da religião espirita, coisas que imagino eu tinham tanta relêvancia para as vidas destas pessoas, a ponto de este espirito como poucas vezes fez, ignorar as minhas vontades, compromissos e opinião e estrapolar o horario que deveria permanecer realizando o trabalho a que me dispus a ajudá-lo a realizar.
Sei que isto não muda os fatos acontecidos, pois minha presença também não os mudariam, mas explica como disse para quem crê no mesmo que eu,o motivo da minha não presença como disse no compartilhamento da massada.
Quanto a massada em si,posso dizer que foi uma enorme falha minha não ter me assegurado de que toda a estrutura do evento e que este em si, possuíssem as mínimas condições de abrigar estes artístas que (mesmo sendo suspeito para dize-lo pois tratam-se de meus amigos de longa data já,o direi) tanto admiro! mais que amigos parceiros em canções, espetáculos e eventos que são a minha história de vida.
Devo por fim acrescentar que do túmulo existêncial que livre e espontânea vontade tenho vivído, ainda me pego tendo a ilusão ingênua de que este tipo de evento mesmo que não aconteça como o desejado, abre possibilidades de realização de outros melhores por onde nossa econtraria caminhos para efetivar-se como realidade, neste momento enxergo que foi esta a viagem que tive a convidar a todos e esta viagem se apresenta como ridícula para alguém que já não tem expectativas de realizar,ter realizado ou vir a realizar nada de verdadeiramente concreto no que diz respeito ao fazer artístico humano, e que sim obviamente pegou carona na realização dos que estavam a sua volta e por mais que saiba quem e o que é,sabe que sozinho acredita deste Saci conteporâneo.
Caralho, quem foi o filho da puta que consertou o computador do Neris? Danou-se! Neris, meu velho! Resume estas porras que é muito pra ler e pouco pra se dizer! O lance não foi tudo isto, não. Mas o registro é inevitável! Quero ver o que tu vai escrever quando relatarmos os acontecimentos do último dia da segunda fase da cidade da música! Ia ser legal ter o Neris na padaria do Helena quando Ceciro Cordeiro falou o que falou em público! Mas em breve relataremos este acontecimento. No momento, ainda estamos reunindo toda a documentação que irá gerar um belo processo!
Posso afirmar que nessas horas eu gostaria de ser um Holograma pra desaparecer rapidamente dali...Claudemir tinha que ter limite de caracteres aqui po...o Néris chega 4 da manhã escreve tanto assim... Não tinha nada mesmo Dark'ney, nem velho barreiro tinha...dia indaguento.
Boa, Marrom, o próximo que escrever muito eu vou apagar um pouco!
Sem comentários. Espero que passe pela tesoura.
È o que mum!!!!
Rapaz mais que eu vou ficar lá no tal do "Tenda do Samba" era esse o nome que estava no cartaz de fora ñ era? Bem blz qdo ñ tiver money pra cerva vou la arrecadar mermu!!!
a o Sachão é o rei da indaga! e marrom que falou que ia postar sobre o cidade da musica cade?????
Marrom foi expulso dos escritores do blog ante a ausência "constante" de suas manifestações. Contraditório não?
Putz! Falha minha! To botando no marrom de novo!
Lá ele Claudemir eu vou botar coisas aqui no seu Borgas ou melhor no Blog...
Lá ele Claudemir eu vou botar coisas aqui no seu Borgas ou melhor no Blog...
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