quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ALMA MUNDI: O NOVO ESPETÁCULO DO STUDIO ARTE & DANÇA DIA 06/12 NO TEATRO DA UNICSUL



Aurora, uma anciã de 84 anos, volta à sua cidade natal e descobre que todos seus amigos morreram, deixando as netas sem aqueles ensinamentos que fazem a diferença diante dos dramas pessoais que regem a vida das mulheres. Este é o tema central do espetáculo 2009 do Studio Arte & Dança que foca o espírito e a transformação da alma feminina em nosso mundo.

Para quem não conhece, todo o ano Keila Fuke realiza um espetáculo musical, que envolve dança, canto e teatro com os alunos da academia. O espetáculo acontecerá no Teatro da UnicSul, um espaço moderno que possibilita que os atores representem sem a utilização de microfones ou playback. A parte teatral, escrita e dirigida por Claudemir Santos, vai do trágico ao cômico num clima edificante, após uma pesquisa sobre os arquétipos femininos. A direção geral do espetáculo é assinada por Keila Fuke, que trabalhou em espetáculos como "Miss Saigon", "A bela e a fera" e trabalhou com estrelas como Cláudia Raia e Maríria Pêra.

O espetáculo tem apresentação única. Portanto, não perca!

ALMA MUNDI
DIREÇÃO: Keila Fuke
TEXTO: Claudemir Santos
DATA: 06 DE DEZEMBRO DE 2009
HORARIO: 18H
LOCAL: TEATRO DA UNICSUL
Rua Dr. Ussiel Cirilo, 93
INGRESSOS A R$ 15,00
RESERVAS E INFORMAÇÕES: 2956 5016


CENA DO ESPETÁCULO:
Segue um trecho do roteiro de ALMA MUNDI, escrito por Claudemir Santos


CENA 03 – BAR DA ESTAÇÃO
(Entra Cora varrendo. Olha para os lados e começa a cantar. Entra Fernanda e pede um copo de água. Ela vai pegar. Entra Alicia, toma conta do balcão e a manda varrer)
FERNANDA
Ei! Me dá um copo d’água!
ALICIA
Espera, que você não vai pagar! (Aurora entra. Cora começa a cantar. Aurora dança)
ALICIA
Cala a boca, cora! Não me basta a merda deste balcão com a merda destes clientes, eu ainda tenho que aguentar a merda deste canto?
FERNANDA
A água, por favor!
ALICIA
E você também, Fernanda! Só sabe vir aqui ler estas porcarias e nunca compra nada! Qualquer hora destas, eu te boto pra fora!
FERNANDA
Botar pra fora?! Você não pode fazer isto com uma de tuas clientes mais presentes!
ALICIA
Cliente que só bebe água? Te enxerga, Fernanda! E a senhora?
AURORA
Um chá, querida.
ALICIA
Chá de quê?
AURORA
De boldo, de boldo,boldo... É bom por estomago, o boldo... (olha para Fernanda)
FERNANDA
Tudo bem, senhora?
AURORA
Tudo minha filha. Pode ler, pode ler... Eu conheço seu nariz de algum lugar! Você por acaso é parente do Francisco Melo?
FERNANDA
Meu vô.
AURORA
Mas seu vô é muito amigo meu, menina! Plantava café que era uma maravilha! Como é que o véio tá, menina?
FERNANDA
Morreu.
AURORA
Morreu?
FERNANDA
Ano passado. Tava mal o coitado, a gente teve que matar.
AURORA
Matar?
FERNANDA
É. Apressar a morte. Dar mole pra velha da foice. Dar uma ajudinha pro destino.
ALICIA
Ele tava morto e desligaram os aparelhos.
AURORA
Mas que horror! E a dona Pereira? Vocês conhecem a dona Pereira?
ALICIA
Minha vó.
AURORA
Grande amiga minha dos bailinhos que tinham na cidade...
ALICIA
Morreu.
AURORA
A... A Pereira morreu? Mas, morreu como?
ALICIA
Ah, ela tropeçou na bengala, caiu na linha do trem, o trem veio e passou em cima, voou tripa pra tudo que é lado, olha, foi um horror!
AURORA
Mas que coisa triste! E e e o seu Carvalho! Era um moço bonito! Um pão! Era um pão, o Carvalhão!
CORA
Ah, eu conheço! Era meu vizinho.
AURORA
Era? Era por que? Ele mudou?

CORA
Não. Morreu, mesmo.
AURORA
Mas... Morreu como um pão daquele, minha filha?
CORA
Ah, ele não tava bem, não. Tava com as idéias bagunçadas. Levaram o homem pro hospício e lá, ele pensando que era Jesus Cristo, pulou do telhado.
AURORA
No duro?
CORA
No duro? No concreto e de cabeça. Morreu na hora.
AURORA
É... O Carvalho era um pão, mas nunca foi muito bom da cabeça.
FERNANDA
E a senhora, quem é?
AURORA
Maria Aurora, menina. Sou a vó da Drica.
FERNANDA
Da louca? (leva um cutucão de Alicia)
CORA
Ah, a vó da louca! (Alicia a olha, ela volta a varrer)
AURORA
Eu nasci aqui nesta cidade e vim vê-la mais uma vez. Nunca se sabe, né?
ALICIA
É; nunca se sabe. Cora, vê se tem boldo no quintal da vizinha!
AURORA
Cancela o chá, minha filha. Cancela o chá... (sai de cena)
CORA
O que deu nela?
FERNANDA
Isto é medo.
CORA
Medo?
FERNANDA
De morrer. Bater as botas, esticar as canelas,...
ALICIA
Quer calar a boca? Que horror! E você Cora, Já passou o pano nas mesas? Chá de boldo... É cada um que me aparece! (Entram os meninos)
MIGUEL
Dois copos d’água por favor?
ARTHUR
O meu é sem gelo! (Blackout)

CENA 04 – QUARTO DE AURORA
(Aurora entra no quarto e abre a mala. Tira de dentro dela cinco objetos. Olha-os)
AURORA
Francisco Melo, Maria Pereira, Pedro Carvalho, Paula Neto e Lourenço Bonifácio. Todos mortos. E essas meninas não aprenderam nada da vida e o tempo é tão curto! Que Deus me ajude, pois o que eu tenho não pode morrer comigo! Preciso ensiná-las algumas coisas sobre a alma feminina! Preciso mostrar pra elas a alma do mundo!!!
(Música. Ela guarda os objetos. Blackout FIM DO ATO I)

Um comentário:

Anônimo disse...

E você encena este tipo de texto com garotas daquela idade? Bom também! Arma o esquema (LÁ ELE!) pra gente ir.