sexta-feira, 13 de novembro de 2009

WALDIR AGUILAR FOI SORRIR E BRINCAR LÁ DO LADO DE LÁ!




(fotos de Akira Yamasaki)

Valdir Aguiar era um dinossauro do MPA - Movimento Popular de Arte de São Miguel Paulista. Sua atuação sempre foi nos bastidores e na produção dos eventos. Sua voz era calma e sua presença era discreta, como se pedisse desculpas por estar ali. Na insegurança e na adrenalina das atividades de palco bastava a gente sentir o Valdir por perto para saber que tudo estava sob controle. Gente fina, o Valdir. Gente correta e do bem. Nós o enterramos hoje, 10/11/2009, no Cemitério do Lageado. A sua perda deixou-me perplexo e completamente derrotado.
(Akira Yamasaki)

Conheci Waldir Aguilar em meados de 1999, 2000, durante um show do Edvaldo Santana na Oficina Cultural Luiz Gonzaga, no projeto Sexta Sim, no qual eu fazia iluminação e operação técnica. Foi nesta noite que aconteceu a antológica blitz na sala VIP ( um buteco na bifurcação Av Nordestina e Av Pires do Rio, de frente à padaria Hum, chefiado por Francisco, um senhor de muita idade cercado de garotinhas de 25,30 anos).
Waldir lá, abrindo a mochila cheia de cds e explicando pro pm que era produtor do artista que havia tocado. Simples, humilde, com um sorriso tranquilizador no rosto.
Waldir, grande Waldir!!!
Com o passar do tempo nos encontramos várias e várias e várias vezes em muitas ocasiões, todas ligadas à cultura. Passeata pra isto ou aquilo em São Miguel? Olha o Waldir ali. Festa? Olha ele lá. Encontros, seminários, palestras? Oi, Waldir, beleza?
Às vezes ele me ligava dizendo que tinha uns ingressos pra turma do AD do show do Edvaldo Santana no Centro Cultural São Paulo; às vezes eu encontrava e dizia que vi o show no Itaim Paulista, no aniversário de Suzano. Quando nos encontrávamos por aí ele sempre me lembrava que eu devia ir para o centro, entrar no circuito, que o AD era um puta grupo legal. Mais de uma vez me convidou para tomar cerveja na praça Roosevelt, ir nos Parlapatões conhecer o Bortolloto, puta cara legal, Claudemir, você precisa se enturmar. E dicas para o projeto. Nós conseguimos por Edvaldo. Escreve aí e manda pra lá, bicho!
E risadas, e humor imbatível. Pegava minha ironia e meu sarcasmo e transformava em dez minutos de riso/sorriso constante.
Inicio da semana, recebo um e mail de Casé Pai, uma nota de falecimento. Waldir, que já não andava bem faz uns dias, segundo soube. Coração cortado. Tanto filho da puta dando sopa por aí e a morte leva logo um cara legal como o Waldir? E a morte diz: “Uma cara bacana deste, quem não quer ao lado?” E o Waldir foi pro lado de lá, com sua alegria, bom humor, com seu cavalheirismo e sua presença iluminada. É em horas como esta que a gente começa a querer acreditar em reencarnação, vida após a morte e coisas assim, pois é sabido que o tempo de Waldir entre nós foi pouco, e seria muito bom estar ao seu lado por mais um tempo. Bastante tempo.
A imagem que fica? Waldir sentado folgadamente com um copo na mão rindo e dizendo: “Vai lá, bicho! Manda bala!” ou algo assim.
Continuemos, então. Sem esquecê-lo, porém.

2 comentários:

Escobar Franelas disse...

Dizer o quê? Aquela palavra que dizem ser intraduzível, mas que sintetiza glamour, rigor, êxtase e dor: SAUDADE!

Claudemir "Dark'ney" Santos disse...

É vero, Escuba!