quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Oficina dos Desejos



A oficina de segredos fervilha intesamente durante a madrugada,
São bocas que se beijam na escuridão onde o olhar do adultério nada enxerga,
São narinas a sugar sorrateiras e seguras da ignorância familiar,
São héteros orifícios de dia que femininamente reclamam na madrugada,
Membros rijos de estranhas mulheres com seios de silicone,
São meninas inusitadamente travestidas,
Por paramentos guardados na casa da amiga que mora só.
São fardas que teriam como função emblemar a lei e a ordem,
Emblemando pelos guetos a corrupção e a impunidade,
São romances perdidos no tempo, sequestrando lágrimas continuas,
São insonias dolentes amparadas pelo brilho inócuo da televisão,
São mal humores disfarçados pelo tradicional “boa noite senhor!”,
É a tela luminosa do computador colhendo frases da mente irrefreável do poeta,
É o riso embriagado e juvenil ressoando na mesa do bar,
É o sono barulhento de um homem obeso
Que espantara sua esposa para o quarto ao lado,
É o látido elétrico do cão enjaulado detrás das grades do portão,
É o gemido abafado da grávida despertada pelo advento da renovação da vida,
É o zumbido trêmulo do motor na avenida deserta,
É o choro estridente do bebê ao descobrir-se só e a mercê do nefasto palhaço no berço,
É o masoquista e ensurdecedor coito dos gatos sobre o telhado,
É a febre ancestral que desperta o noviço do sonho para a masturbação,
É a fome inóspita e sem solução do desapartado social,
São os limites intinerantes do pensamento conteporâneo,
As bestialidades figurativas da ordem instituída,
As normas degeneradas do comportamento referendado,
São os porquês instrumentados no jardim do olho que vê,
E as promessas desfeitas da vontade que não se vê.


Ivan Neris 01\01\2009










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