Só o tempo dirá se foi sorte ou azar (como dizia um velho professor).
Eis que acabo de ler Admirável Mundo Novo de um tal de Aldous Huxley que de cara ficou doidão, tomando toda a solução!
A solução encontrada na história contada no livro foi bastante amarga, porém tem gente que acha que quanto mais amargo melhor. Em sua utodistopia (pois pra mim o livro pode ser visto pelos dois ângulos), o autor cria um novo sistema social, que se baseia em Comunidade, Identidade e Estabilidade.
No novo sistema, não existem diferenças sociais, não há espaço para sentimentos, não há espaço para estar sozinho. Os seres humanos são condicionados e predestinados a existirem somente como parte de uma engrenagem, e nada mais que isso.
Não há no novo mundo, espaço para querer ser outra coisa que você não seja, exatamente porque nunca se quer ser outra coisa. Acabam as grandes frustrações humanas, em todos os sentidos: sexuais, sentimentais, profissinais e todas as demais...
E se por qualquer motivo alguém está triste, basta tomar um pouco de soma, droga bastante eficiente para te tirar da realidade e te devolver um tempo depois sem qualquer temor ou dúvida.
Acredito que de fato as pessoas sejam felizes, verdadeiramente felizes vivendo neste tipo de realidade (que pode muito bem ser comparada a nossa realidade) em que deixamos de pensar em questões como verdade arte mentira amor ódio e a VIDA.
A questão é: vale o preço?
EU NÃO SEI DE NADA. SÓ FUI CONVIDADO!
3 comentários:
Derrepente as pessoas possam realmente ser felizes em uma vida assim mesmo, porém o coneito de felicidade é tão controverso que dificíl até mesmo certificar-se que tal estado exista, a garota que foi mantida pelo pai no subsolo por toda a vida e teve com ele seis ou sete filhos, provavelmente era feliz, mas em que sentido a sensação e o estado de felicidade realmente aplica-se a um individuo que não possue parametros de entendimento de si e ou do mundo que dê ferramente para ser capaz de avaliar sua propria realidade, de forma a poder saber se o bom é o peso do aço do grilhão ou a liberdade dos campos no Quilombo...
Bichu bacana e o kablunco vem, ai!!! ivan o comentario sobre a moça do porão realmente cabe neste conceito bacana e é bom também!!!
Quando li esse livro pela primeira vez (sim, releio-o de vez em quando, ainda que não na íntegra...) tive a mesma sensação de dubiedade: há a distopia, pois as pessoas são o que são sem nunca terem a chance de saber se seriam diferentes; e a utopia: organização impecável, limpeza, felicidade aos borbotões (ainda que conseguida artificialmente...), tecnologia e, de certo modo, alguma paz. Até o Bernard perceber-se alvo de chacotas devido à sua formação genética e tal, fato que o deixa muito infeliz pois, sendo ele o único que não se enquadrava - aspirava menos coletividade, mais intimidade, menos vazios etc - provoca aquilo que transforma a narrativa em literatura de fato: conflito. Ah, meus caros, não houvesse conflito, não haveria motivos para sentirmos pena (em alguns momentos temos pena dos Gama e dos Ypsílon - leiam os dez parágrafos finais do capítulo quatro, quando Lenina se diz contente por não ser um Gama...) Mas aí, pensando na explanção ilustrada de Mr. Néris, lembro de perguntas recorrentes quando penso em meu trabalho e nas pessoas que moram na rua, que não têm essa instituição behaviorista que chamamos lar, família, teto etc..., "quem é que está preso? quem que é feliz? quem se importa? o que é se importar? o que é ser feliz? e, principalmente, por quê ser feliz?"
é, eu sei, não tem nada "novo" nisso, menos ainda "admirável".
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