quinta-feira, 24 de setembro de 2009
ESCOLA LIVRE DE TEATRO PRESA AOS VELHOS JOGOS TERRITORIAIS
"O que sóis vós? Um pato ou um coelho?"
(Dark'Ney, em "não tinha nada melhor pra escrever, o filme")
Um dia após a indaga polêmica de Ivan Neris - se não for polêmica, naturalmente não é Neris! - passo a vista na Folha de São Paulo e vejo uma pequena chamada ao caso da Escola Livre de Teatro. E o que descubro eu?
Segundo a Folha, não há nada de fechar a escola, e sim uma mudança de cargo, uma nova proposta pedagógica e gente muito irritada com a demissão de Edgar Castro, que está na escola há anos.
Pesquiso na net e acho um sítio dando promenores sobre o caso. Não tenho mais dúvidas: é um caso corriqueiro de politicagens e cargos. Leiam o texto abaixo:
Escola Livre de Teatro de Santo André sob ameaça
Integrantes da Escola Livre de Teatro de Santo André (ELT), projeto artístico-pedagógico que se firmou como referência para a formação de atores no Brasil e que se aproxima agora dos seus 20 anos de enraizamento na cidade, denunciam que seu projeto pedagógico está seriamente ameaçado. No dia 8 de setembro, a prefeitura da cidade demitiu, sem justificativas, o coordedenador pedagógico da escola, o ator Edgar Castro.
Redação - Carta Maior
Aprendizes da comunidade da Escola Livre de Teatro de Santo André, apoiados por artistas dos principais grupos do ABC e de São Paulo fizeram um grande movimento na Câmara Municipal de Santo André, nesta quinta-feira, durante a Sessão Plenária. Os aprendizes fizeram uso da Tribuna Livre para defender a Continuidade do Projeto Artístico-Pedagógico Original da Escola Livre de Teatro de Santo André (ELT)
O movimento busca sensibilizar os representantes do Poder Legislativo para que eles sejam interlocutores junto ao Poder Executivo, que vem negando todas as reivindicações da comunidade e descumprindo os prazos de resposta acordados em reunião.
A Escola Livre de Teatro de Santo André (ELT), projeto artístico-pedagógico que se firmou como referência para a formação de atores no Brasil e que se aproxima agora dos seus 20 anos de enraizamento na cidade, está com seu projeto pedagógico seriamente ameaçado.
No dia 8 de setembro de 2009, o coordenador pedagógico da ELT, o ator Edgar Castro – professor da escola há 11 anos e escolhido como coordenador pelo corpo de mestres, foi demitido sem justificativas.
Desde janeiro de 2009 a comunidade da ELT tem se reunido para conhecer o projeto cultural da atual gestão para a cidade de Santo André. No dia 28 de novembro de 2008 organizou um ato público: o Encontro Cultural da Cidade, quando se esperava como convidado principal o então candidato Aidan Ravin (PTB), que acabou sendo eleito prefeito. Ravin não compareceu, mas fez-se representar por assessores e pelo vereador recém eleito Gilberto do Primavera (PTB), que firmou publicamente seu compromisso com a cultura da cidade e com a manutenção do projeto original da ELT.
No entanto designaram para a Escola, como primeira medida, uma nova coordenadora não pertencente ao quadro de mestres e desconhecedora do projeto em curso. Em três de fevereiro de 2009 uma assembléia foi realizada com a presença de toda comunidade ELT, da nova coordenadora - Eliana Gonçalves - e do atual Secretário de Cultura, Edson Salvo Melo, que reiterou a afirmação anterior sobre a continuidade do projeto artístico-pedagógico.
Passados quase nove meses da nova gestão e de contínuas tentativas de diálogo entre a comunidade e a coordenadora Eliana Gonçalves, a comunidade foi surpreendida pela repentina e não justificada demissão do mestre Edgar Castro, feita pelo Diretor de Cultura, Pedro Botaro, no dia 8 de setembro de 2009.
No dia 11 de setembro, mais de trezentos artistas representantes dos principais coletivos de artes cênicas das cidades de Santo André e São Paulo - entre eles as atrizes Maria Alice Vergueiro, Leona Cavalli, Georgete Fadel, o ator Antônio Petrim, a diretora Cibele Forjaz – fizeram uma passeata da Praça Rui Barbosa, sede da Escola, até o Paço Municipal, onde foi entregue uma carta de reivindicações ao Secretário de Cultura do município.
No dia 14 de setembro uma comissão formada por mestres e aprendizes representantes da ELT, esteve com o Secretário de Cultura de Santo André, em reunião sugerida por ele, para obter a resposta sobre o ato realizado na semana anterior. O secretário discutiu cada ponto da carta entregue pelo Coletivo, mas negou as duas principais reivindicações, firmando a decisão de afastar Edgar Castro, tanto de sua função de coordenador quanto de mestre da escola, e de manter Eliana Gonçalves como coordenadora.
A comissão deixou claro que não aceitaria essa decisão - uma ameaça ao projeto pedagógico original, que tem a autogestão e a definição da coordenação pedagógica pela comunidade como principais características. Após três horas e meia de reunião, o Secretário prometeu encaminhar uma carta pública à comunidade nesta quinta-feira promessa não cumprida. Como estratégia de desmobilização o Secretário pediu dois a três dias para responder às reivindicações.
Por fim, no dia 17 de setembro, foi dada a resposta final: negaram todas as reivindicações. Ainda não entregaram nenhum documento oficial respondendo ou justificando nenhuma das atitudes tomadas pela prefeitura.
Dessa forma a comunidade decidiu ir em peso, à Câmara, pedir o apoio dos representantes do Poder Legislativo para a manutenção do projeto artístico-pedagógico original da Escola Livre de Teatro de Santo André, junto ao Poder Executivo do município.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16153
Raul diria que já tá tudo armado. Eu acredito. Não sei até que ponto a luta é digna ou não. Não faço parte daquele universo, mas sei bem como são estas coisas. Já vivemos isto em São Miguel. Neris fez parte disto e deve lembrar da nossa reunião com Sartini na Secretaria Estadual da Cultura de São Paulo para a reabertura da Oficina Cultural Luiz Gonzaga. Não digo que o PTB é flor que se cheire, mas este movimento tem uma cara de manipulação petista que não é brincadeira. Acho que há muito interesse em manter cargos, projetos pedagógicos, e outros blá blá blás.
Me lembra uma música dos Engenheiros do Hawaii:
ISTO ME SUGERE MUITA SUJEIRA
ISTO NÃO ME CHEIRA NADA BEM
TEM MUITA GENTE SE QUEIMANDO NA FOGUEIRA
E MUITA POUCA GENTE SE DANDO MUITO BEM...(tribos e tribunais. Música para ouvir e refletir)
No mais. No mais... No mais o quê?
Ah, no mais nada. Esta não é uma novela que me interessa muito. O que se deve observar é que uma troca de cargo veio pra cá com peso de fechamento de um sitio cultural e, pelo visto, não é nada disso. SE que isto é manipulação de massa, eu não digo; mas que parece manipulação de massa, parece.
Já pensou que brochante? Nosso coquetel molotov cheio de água? Nosso grito aparado por uma aparência inexata? Mas politica é assim mesmo. E o jogo continua.
Vai escolher um time, torcer ou simplesmente se desligar de toda esta merda? Sartre diz que não tomar posição já é um posicionamento. O problema é que o negócio sempre tá de pé. Cuidado, meninos. Eu vou ficar por aqui.
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4 comentários:
Se realmente é só um jogo político de manipulação de massa eu não sei e fico chateado por nenhuma das lideranças no partido que sempre me convidam para representar a cultura em discussões e eventos(algumas da região) não ter me posto a par do caso e só ter ficado sabendo dele por alguns atores, vai ver é porque eu quase sempre me ponho distante dessas lideranças e escondido na Nerislãndia mas que seja...
O Edgar Castro pelo menos para quem tem se formado lá nos ultimos 11 anos não deixou nada a desejar no seu trabalho me dizem os conhecidos e como ja afirmei, a historia do sucateamento da escola também tem chego aos meus ouvidos a muito tempo, pois namorei com um morador de Santo André, frequentador e oficineiro da escola e em nossos papos sobre cultura soube das tentativas de fechamento dela anteriores,porem o que me move em si não é só a defesa da escola e sim a defesa de uma postura de vida que não corrobora com aceitação passiva de fatos como este, este é para mim também uma faceta do meu papel social como artista, que tenta por necessidade vital abstrair o real o tempo todo para transformar em imagens translúcidas deste mesmo real e este real também é o que está acontecendo em minha volta.
Do jogo polítio eu sei e todo mundo sabe,assim como sabe a que interesses as mídias servem em suas noticias, acho confuso para mim crêr nelas e nos seus donos e desacreditar os interesses dos outros menos poderosos que estes e ao mesmo tempo coloca-los todos no mesmo balaio.
Quanto aos jogos territóriais,enxergando por esta otica eu os vislumbraria também acontecendo nos eventos Cecirianos, nas premiações pioneiras e até nos nossos eventos musicais no Camacho ou no Kutupira onde certas figuras não são convidadas, porém só não vislumbro a mesma repulsa para com estes quando somos nós que fazemos parte
da cena.
Eu estive no passado envolvido e ludibriado por uma tal movimentação pela reabertura da "Luiz Gonzaga", e mesmo tendo sido ingenuo e artífice de interesses alheios, não me arrependo de telo feito e pelo contrário faria de novo, prefiro ser assim mesmo que lutando por causas inglorias, prefiro permanecer lutando,meus métodos mudaram pois fiquei mais velho,mas os meus ideais e motivos não e a mim pouco interessam os alheios, que sirvam aos meus enquanto eu sirvo aos deles,o que importa é que comminha ajuda ou não a "Luiz Gonzaga" está lá e eu tive horas maravilhosas dentro dela.
Bom, eu achei tambem que tudo foi muito legal, foi uma experiência hehe, adorei a alisada no meu ego do ( Claudema?) " se não for polêmica naturalmente não é Neris" parece que o tiozão ainda não perdeu o estilo,show!
O jogo territorial politico partidário em busca de cargos e adjacências não tem nada a ver com apresentações nos eventos culturais; aliás, pelo contrário, os eventos da região foram abertos aos artistas que estão ativos na cena. São Paulo: cidade da música teve apresentações de muitos grupos musicais que não fazem parte da convivência de Ceciro Cordeiro. E o sarau no Kutupira não teve um alcance grande o suficiente para deixar alguém de fora - aliás, até faltou gente dentro - lá ele!
Vejo todo o jogo politico partidário com ceticismo e ironia. Não desejo me envolver: o que me prende ao mundo real são outras coisas, outros valores. Acho até perda de tempo discutir, afinal ninguém nunca está errado mesmo. Pra quê perder tempo com isto, né?
É. O tiozão não perdeu o estilo. Mas continua veado, viu!
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